terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Visita à primeira Fábrica brasileira: A origem da indústria açucareira

No dia 14 de dezembro (sábado), o projeto Memória dos Paladares realizou uma visita ao Monumento Nacional Ruínas Engenho São Jorge dos Erasmo - Base avançada de Pesquisa, Cultura e Extensão da USP - é um órgão da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária da Universidade de São Paulo, situado na divisa entre os municípios de Santos e São Vicente no estado de São Paulo.
É o  primeiro engenho de açúcar do país, e sua data de construção remonta a 1534. Sendo assim a primeira fábrica que se tem noticia no Brasil.
 
O engenho de São Jorge dos Erasmos, em Santos (SP), construído no século 16, se encontra em ruínas, mas é uma relíquia arqueológica capaz de oferecer explicações sobre as origens da indústria brasileira e sobre o cotidiano do trabalho no início da ocupação portuguesa do país.
Doado à USP em 1958, desde 2004 desenvolve vários programas educacionais que buscam viabilizar o conhecimento a partir da interdisciplinaridade, em vista do contexto histórico, geográfico, arqueológico, social e ambiental em que as Ruínas estão inseridas.
O Engenho é um polo de realização de múltiplas atividades profissionais e nele trabalham e se aperfeiçoam Historiadores, Filósofos, Arqueólogos, Geógrafos, Biólogos, Engenheiros, Arquitetos, Jornalistas e Educadores das mais diversas áreas.
O engenho pode fornecer "provas materiais" do início do primeiro projeto de colonização oficial do Brasil, a cargo de Martim Afonso de Sousa. Pesquisadores da Universidade de São Paulo e da Universidade Católica de Santos pretendem juntar aos textos objetos que documentam a vida cotidiana e o trabalho dos primeiros senhores de engenho do país. O terreno do engenho foi tombado em 1974 pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo). Apenas em 1996 começaram os trabalhos de prospecção das ruínas. 
O engenho foi batizado como engenho de São Jorge dos Erasmos depois de ter sido adquirido pela empresa Erasmo Schetz e Filhos. Erasmo Schetz, banqueiro e proprietário de navios em Amsterdã, comprou as partes de cada um dos sócios em 1544 e tornou-se o único proprietário do engenho. O período áureo do engenho de São Jorge dos Erasmos teria ocorrido sob a administração dos Schetz, que, de acordo com documentos históricos, manteve a produção de açúcar no local pelo menos até 1580. No início do século 17, o engenho começou a sofrer os efeitos da decadência da cultura do açúcar no país. Por volta de 1615, a edificação teria sido destruída por um incêndio provocado pelo pirata holandês Joris Spilbergen. O engenho é considerado o único no Brasil, e talvez, no mundo, em estilo açoriano (dos Açores), onde os portugueses desenvolveram a indústria açucareira. Segundo relatório de 1966 do arquiteto Luís Saia, a característica açoriana do engenho é dada pela construção aglutinada, com todas as instalações sob um mesmo teto. Os engenhos nordestinos, posteriores ao dos Erasmos, tinham edificações separadas para cada função, estilo próprio dos engenhos brasileiros.
 






Postado por
: Lucas Camilio, discente do Bacharelado de Ciência e Tecnologia da Universidade Federal do ABC e pesquisador
do Projeto de Extensão Memória dos Paladares.